DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE: É PARA CELEBRAR OU PARA QUE NOS SERVE?

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O dia 5 de Junho é lembrado em todos os países como o dia mundial do meio ambiente, desde que a Organização das Nações Unidas – ONU, em 1972, realizou a sua primeira conferência sobre o tema: a Conferência sobre o Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo. O dia ou a semana em torno de 5 de Junho é usada por muitas pessoas e organizações para celebrar o milagre da Vida, a beleza da Natureza, e ao mesmo tempo alertar sobre os riscos à própria sobrevivência do ser humano se o ambiente continuar a ser degradado, poluído, desrespeitado, visto como obstáculo aos nossos desejos.

Naquela conferência, a ONU estabeleceu uma Declaração sobre o Ambiente Humano, com 26 princípios, e um Plano de Ações que deveriam orientar as atitudes humanas, as atividades econômicas e as políticas de forma a garantir maior proteção ambiental. A realização da Conferência da ONU foi motivada pelos problemas ambientais que ganhavam cada vez mais destaque nos anos 60, mas que continuam a afetar a integridade das pessoas e dos demais seres vivos.

De fato, nosso querido planeta Terra anda passando por maus pedaços… Rios poluídos, fumaças e substâncias tóxicas sendo jogadas no ar, devastação de florestas, alimentos contaminados por agrotóxicos, extinção de espécies animais e vegetais, aquecimento global em função da emissão de gases resultantes do uso excessivo de combustíveis fósseis e do desmatamento… Associado a tudo isso existem milhões de seres humanos passando fome, sem ter moradias ou saneamento em condições adequadas, sofrendo com as injustas situações do “desenvolvimento”. Os processos associados a tanta degradação ambiental e social, formas “discretas” de guerra, insegurança e violência, acentuaram-se nas últimas décadas na medida em que limites ecológicos, culturais e éticos foram menosprezados em favor da materialização e da mercantilização da Vida. É, a Vida nesse planeta que ESTÁ EM PERIGO!

Tais problemas estavam e estão vinculados às características com que diferentes países e grupos humanos buscam para atender suas necessidades e desejos, sua busca por sobrevivência e qualidade de vida. É comum denominar essa busca como desenvolvimento ou busca pelo progresso. Entretanto, a continuidade e o agravamento dos problemas ambientais, da pobreza, da violência, entre outros desafios mundiais estão vinculados a estilos, tecnologias e sistemas econômicos de desenvolvimento que privilegiaram o uso ilimitado de recursos naturais, a concentração de renda, o acumulo material. O mundo globalizado caminha no sentido de “padronizar” formas de consumo que demandam alto uso de energia e recursos naturais, que vão sendo esgotados na medida em que se “consome” tudo que a diversidade da natureza apresenta.

Em 1992, foi realizada a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro, conhecida como Rio-92. Foi uma tentativa de analisar porque o plano e a declaração de Estocolmo não tinham surtido o efeito de proteção do meio ambiente como se esperava. Uma conclusão de consenso entre os representantes de mais de 170 países e vinte mil participantes dos eventos, inclusive do Fórum Global-92, conjunto de eventos paralelos que reuniram 20.000 pessoas de todo o mundo: é preciso rever o conceito de progresso, de desenvolvimento. Desde então disseminou-se a noção do desenvolvimento sustentável, ou seja processos que permitam a sociedade humana atender suas necessidades de alimentação, habitação, saúde, educação, etc sem prejudicar a integridade e o funcionamento do ambiente. Isso exige também a visão de que o ambiente não é obstáculo ou meramente a “fonte” de recursos naturais; enfim, exige uma atitude de cuidar do ambiente por ser esse fonte de bens (água, madeira, fibras, plantas medicinais ),mas também por abrigar outras espécies vivas, e que tudo isso depende também do funcionamento adequado dos serviços ambientais (por exemplo a circulação de águas, o sistema climático e a produção de oxigênio, para os quais a presença de vegetação é fundamental; a biodiversidade, etc).

Cuidar do ambiente implica tanto em preservar (evitar qualquer interferência humana) como conservar (ter uma atitude responsável, ao usar o ambiente de forma que o mesmo mantenha a capacidade de se “regenerar” e sem perder a sua vitalidade e diversidade de espécies). Cuidar das áreas de mananciais ou de Mata Atlântica, por exemplo, é importante tanto para garantir águas para todos como para proporcionar, para a população local condições dignas de qualidade de vida e emprego em atividades de ecoturismo, de usos sustentáveis de bens florestais (flores, plantas medicinais, aromáticas, apicultura, por exemplo). Significa encontrar formas e áreas de preservação, conservação e desenvolvimento sustentável.

A Constituição brasileira, em seu artigo 225, diz que todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida, cabendo a todos e ao Poder Público o dever de preserva-lo e defendê-lo para as presentes e futuras gerações.

Nossos direitos e nossos deveres são importantes demais para que sejam lembrados ou celebrados somente em determinado dia do ano. Cuidar da vida e exercer nossas obrigações e direitos, zelando para que os ambientes naturais, rurais e urbanos possam ser fonte de saúde, de emprego, de qualidade de vida são questões para os 365 dias de cada ano de nossas vidas.

Por Rubens Harry Born
Fonte:www.vitaecivilis.org.br

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